segunda-feira, 7 de abril de 2014

Bases russas na América Latina?

Sergei Shoigu, ministro russo da Defesa, já ameaçou
Sergei Shoigu, ministro russo da Defesa, já ameaçou

Parecia impossível – escreveu no “El Nuevo Herald” de Miami o acatado colunista Andrés Oppenheimer – quando o ministro de Defesa russo Sergei Shoigu anunciou que a Rússia negociava estabelecer bases militares na Venezuela, Nicarágua e Cuba.

Porém, após anexação russa da Crimeia e o retorno aos dias da Guerra Fria, o impossível virou assustadora realidade.

Pouco depois chegou a notícia de que o navio russo de espionagem Victor Leonov SSV-175 entrou sem anúncio prévio no porto de Havana, confirmando os negros prognósticos.

A agência de notícias russa RIA Novosti confirmou que, segundo o ministro de Defesa russo Sergei Shoigu, a Rússia “está planejando expandir sua presença militar permanente fora de suas fronteiras, abrindo bases militares em países estrangeiros”, inclusive na Venezuela, Nicarágua, Cuba, Vietnã e Singapura.

Pelo menos quatro navios de guerra russos visitaram a Venezuela em agosto, segundo o jornal “El Universal” de Caracas.


Analistas políticos e militares de Washington acham que a Rússia visa de imediato criar estações de carga de combustível e apoio logístico para barcos e aviões. É algo menos dramático que bases militares, mas é assim que começa a escalada.

O nervosismo da Rússia é grande. Ela perdeu qualquer comparação de poder de fogo com a NATO, além de ter severos problemas financeiros para recompor os vetustos e enferrujados equipamentos da era soviética.

Ela vendeu armamentos à Venezuela, Nicarágua e Cuba por mais de US$14 bilhões, 80% dos quais para a Venezuela, segundo a estatal russa de armamentos Rosoboronexport. Mas Caracas já não tem no que esbanjar, estando preocupada em conseguir feijão.

O "navio de inteligência" Viktor Leonov SSV-175 em Havana.
Embora os navios russos não sejam muito mais modernos que o taxi,
o expansionismo militar da "nova-URSS" é preocupante.
O PIB russo é inferior ao da Califórnia, da Itália e até ao do Brasil. Os sonhos imperialistas de Vladimir Putin colidem com a realidade quando tenta qualquer comparação com o poderio americano.

Porém, Putin tem uma arma secreta. Ela é psicológica e pode mudar o equilíbrio de forças: a moleza e desprevenção que tomou conta do Ocidente.

Alguns republicanos em Washington estão começando a acordar. Também o teriam feito poucos deputados democratas. Eles temem o pulso fraco e a cabeça esquerdista de Barack Obama, sobretudo diante dos manejos russos na América Latina.

“Os russos estão se imiscuindo numa área em que os EUA descuidaram”, diz Roger Noriega, pesquisador do American Enterprise Institute de Washington e ex-chefe de assuntos latino-americanos do Departamento de Estado no governo de George W. Bush.

Essa moleza ocidental e a nostalgia da URSS por parte de Putin podem gerar uma situação paradoxal análoga ao do início da II Guerra Mundial. Os delírios de grandeza de Adolf Hitler prevaleceram sobre o pacifismo extremo de seus adversários, muito mais ricos e melhor armados.

A isso se acresce que a avançada do totalitarismo agressivo e anticristão que precipitou aquela guerra foi favorecida por misteriosas cumplicidades que Hitler encontrou no lado adversário.

E Putin dá sinais de ter encontrado inesperados cooperadores, eclesiásticos e civis, onde menos se podia esperar...


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