quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Há 520 anos as naus de Colombo aportaram na América e a Cruz de Cristo tomava conta do nosso continente

Pintura de José Garnelo Alda (1866-1945), feita em 1892 para comemorar o IV Centenário do Descobrimento da América. Exposta no Museu Naval de Madrid. Colombo chega à América e com ele a Cruz de Cristo.

Carlos Sodré Lanna (*)
AGÊNCIA BOA IMPRENSA

Muita propaganda é espalhada contra os missionários e os colonizadores das Américas. Essa colossal onda publicitária — que se levanta contra tão gloriosa data, 12 de outubro de 1492, início da cristianização de nosso Continente — tende a contestar a própria missão dada por Nosso Senhor Jesus Cristo à sua Igreja “Ide, pois, e ensinai a todas as gentes” (Mt. 28, 18-19).

Defensores do neotribalismo missionário e indigenista, os principais nomes da Teologia da Libertação têm condenado a conquista e a evangelização da América e protestam contra as celebrações comemorativas da descoberta triunfalmente empreendida por Cristovão Colombo.


A falsa doutrina sobre a evangelização da América 
Em julho de 1986, reuniu-se em Quito (Equador) a II Consulta Ecumênica da Pastoral Indígena Latino-Americana. Representantes de 15 países do Continente lançaram um “manifesto indígena”.

Nele se expressa, pela primeira vez com apoio católico, uma “recusa total das celebrações triunfalistas”.

Para os delegados dos índios “não houve o tal descobrimento, mas uma invasão com suas implicações: genocídio pela ocupação, usurpação de territórios, desintegração das organizações sócio-políticas e culturais e sujeição ideológica e religiosa”. 

Da Associação de Teólogos do Terceiro Mundo, o ex-religioso franciscano Leonardo Boff e Virgilio Elizondo lançaram um manifesto contra a evangelização da América. Dizem eles: “No dia 12 de outubro de 1492 começou para a América Latina e para o Caribe uma sexta-feira santa de dor e de sangue, que prossegue até agora sem conhecer o domingo da Ressurreição. 1492 é a data dos conquistadores e não das populações autóctones. Não é a lembrança duma bênção, mas o pesadelo de um genocídio”.(*) 

A verdadeira doutrina católica sobre a evangelização da América
Em face das novidades que esses neomissionários querem nos inculcar, cumpre ouvir a voz da Igreja, a fim de melhor conhecer a verdadeira doutrina católica a respeito.

Numa continuidade impressionante, os Romanos Pontífices pronunciaram-se sobre o tema à margem das controvérsias históricas, de modo a não deixar dúvidas.

A Livraria Editora Vaticana publicou uma coletânea de 837 documentos papais somente do período 1493-1591, intitulada "Americae Pontificiae - Primi Saeculi Evangelizationis", aos cuidados do Pe. Josef Metzler, diretor da Escola Vaticana de Paleografia. Ela reúne as bulas de Alexandre VI até Gregório XIV, conservadas no Arquivo Secreto do Vaticano, sobre a evangelização das Américas.

Em sua célebre Bula "Inter Caetera", de 3 de maio de 1493, Alexandre VI afirmava que “a Fé católica e a Religião cristã sejam exaltadas sobretudo em nossos tempos e por onde quer que se ampliem e dilatem, e se procure a salvação das almas, e as nações bárbaras sejam submetidas e reduzidas à Fé cristã”. 

Em 29 de maio de 1537, o Papa Paulo III, com sua "Pastorale officium", condenava o comércio de escravos e afirmava que os indígenas deveriam ser considerados homens e não animais.

Pouco depois, o mesmo Paulo III, no documento "Exponi nobis super fecisti", concedia aos sacerdotes que trabalhavam nas Américas a faculdade de denunciar às autoridades os colonos que escravizavam os silvícolas do novo Continente.

São Pio V, em carta de 10 de agosto de 1568, elogiava o zelo pela conversão dos índios manifestado pelo Rei da Espanha, Felipe II. O Papa acompanhava com vigilante atenção a idoneidade das nomeações de vice-reis e autoridades menores responsáveis pela evangelização e proteção dos aborígines americanos contra possíveis excessos cometidos pelos colonizadores.

Confirmando a doutrina corrente na época, os Pontífices ratificaram o direito das nações ibéricas de colonizar a América e evangelizar seus habitantes. Para isso, delegavam responsabilidades e faculdades especiais aos reis de Portugal e Espanha, cuja reconhecida vocação apostólica exaltavam.

Quem percorrer os documentos papais do primeiro século de colonização, constatará o elogio feito à magna obra civilizadora. E também o minucioso cuidado da Igreja na correção dos abusos cometidos, pelo respeito aos direitos naturais dos índios e seu modo de vida no que tivesse de legítimo ou resgatável.

O Papa Gregório XIII publicou nada menos do que 155 documentos e, Sisto XV, 102, quase todos destinados a fixar normas para favorecer a conversão dos índios.

O IV Centenário do Descobrimento da América mereceu uma Encíclica do Papa Leão XIII, em 16 de julho de 1892, sob o título “Quarto abeunte saeculo”. 

Pio XII, em mensagem de 8 de janeiro de 1948, chamou o processo de evangelização da América de “ epopeia missionária”.

Ao encerrar o Simpósio Internacional sobre História da Evangelização da América, no Vaticano, em 14 de março de 1992, João Paulo II reafirmou os ensinamentos de seus predecessores e recapitulou os “fundamentos de uma colonização cristã” desenvolvidos por Frei Francisco Vitoria (1480-1546), dominicano espanhol da famosa Escola de Salamanca.

O Papa lembra que o mestre dominicano explanou os direitos naturais dos índios como “seres racionais e livres, criados à imagem e semelhança de Deus, com um destino pessoal e transcendente pelo qual podiam salvar-se ou condenar-se”. 

O Pontífice destaca que, “conforme a doutrina exposta por Vitoria, em virtude do direito de sociedade e de comunicação natural os homens e povos melhor dotados tinham o dever de ajudar aos mais atrasados e subdesenvolvidos”. Assim justificava Vitoria a intervenção da Espanha na América.

Nada mais contrário, pois, à posição dos neomissionários, do que o firme e ininterrupto ensinamento dos Papas a respeito da evangelização da América.

Notas: 
(*) A Voz das vítimas, Ed. Vozes, Petrópolis, RJ, 1960 
OUTRAS OBRAS CONSULTADAS: 
1. Plinio Corrêa de Oliveira, Tribalismo Indígena, Ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1979. 
2. Alberto Caturelli, El Nuevo Mundo - El Descubrimiento, La Conquista y la Evangelización de América y La Culturà Occidental, Centro Cultural Edamex, Cidade do México, 1991. 

2 comentários:

  1. 500 ANOS DE RESISTÊNCIA INDÍGENA, NEGRA E POPULAR

    Félix Maier

    O Movimento "500 anos de resistência indígena, negra e popular" foi criado nas comemorações dos 500 anos do Descobrimento da América, que visava “rediscutir” (revisionismo) a história da colonização do continente sob a ótica marxista, ao mesmo tempo em que tinha por objetivo varrer das Américas todos os traços da civilização cristã.

    Dentro da prática da “legenda negra”, a ideia era diabolizar as “sangrentas” conquistas espanhola e portuguesa da América, ao mesmo tempo em que os indígenas eram apresentados como seres angelicais.

    Durante a conquista espanhola, relatos, como os de Bartolomé de las Casas, destacavam o “genocídio” promovido contra os índios. “As denúncias do frade dominicano foram reproduzidas com gosto pelos maiores adversários do reino espanhol - os protestantes. Com a conquista da América e a unificação a Portugal, em 1580, a Espanha teve em mãos um dos maiores impérios da história - um império católico. (...) Protestantes holandeses, ingleses, franceses e germânicos trataram de invalidar o direito dos espanhóis sobre os territórios americanos” (NARLOCH, 2011: 83).

    Sociólogos e historiadores de linha marxista, incluindo padres da “teologia da libertação”, acusam os espanhóis e os portugueses de terem imposto sua cultura e sua religião aos índios, além de escravizá-los. Era exatamente isso o que faziam os incas com seus inimigos. “Entre aqueles que haviam sido dominados por Atahualpa ou que tinham se aliado ao irmão dele, Huáscar, na disputa pela soberania do império, a morte de Atahualpa os salvou de anos de trabalhos forçados, de punições e até mesmo a morte. (...) Talvez metade das pessoas dos Andes estivesse disposta a se aliar aos espanhóis para se salvar da sangrenta vingança que as forças de Atahualpa já vinham promovendo com muitos partidários de Huáscar” (idem, pg. 89).

    Muito antes da “política de liquidificador” de Stálin e Pol Pot, o exército inca promovia migrações forçadas. “Os arqueólogos estimam que as migrações atingiram entre 20% e 30% da população - por conta dessa política, um quarto de todos os povos andinos morava em terras estrangeiras” (idem, pg. 92). E os sacrifícios humanos dos astecas, no México? “Relatos espanhóis do século 16, com base em histórias contadas pelos índios, falam em 80.400 mortes em 1487, durante a inauguração do Templo Maior de Tenochtitlán” (idem, pg. 98). O Códice Telleriano-Remensis, baseado em pinturas narrativas dos astecas, diz que foram “apenas” 4.000 pessoas que tiveram o coração arrancado e jogado para rolar pirâmide abaixo (Cfr. pg. 99).

    A mesma barbárie era feita pelos maias: “Um garoto de cinco anos, cujos restos mortais foram encontrados em 2005 numa base da parte sul do Templo Maior de Tenochtitlán, teve os braços colados às asas de um gavião. Baseados nas diversas marcas na parte interna das costelas, arqueólogos concluíram que o elemento cortante, provavelmente uma faca de sílex, ‘entrou na cavidade torácica a partir do abdômen’, rasgando os músculos para chegar ao coração” (idem, pg. 101). O filme Apocalypto (2006), de Mel Gibson, retrata perfeitamente esses fatos escabrosos.

    (continua no comentário seguinte)

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    1. (continuação do comentário)

      A mesma anticomemoração ocorreu durante os 500 anos do Descobrimento do Brasil, em que a História nacional foi execrada e renegada, como a formação da sociedade brasileira, a arquitetura barroca, a Semana da Arte Moderna, os grandes escritores. Um relógio da Rede Globo, que fazia a contagem regressiva dos 500 anos, foi depredado em Porto Alegre, RS. Foram lembrados apenas o “genocídio indígena”, a Inquisição católica e fatos pitorescos, como o do padre tarado, que, em visita religiosa a mulheres doentes, possuía sexualmente todas as mulheres da casa, além da própria doente, para uma mais rápida “recuperação” física.
      Legenda Negra
      O mesmo que Lenda Negra, expressão cunhada pelo escritor espanhol Julián Juderías, em 1914. Movimento de diabolização dos conquistadores da América, centra seus ataques principalmente contra a Igreja Católica na América Latina. A Legenda Negra promove o retorno ao pelagianismo e ao paganismo religioso indígena e africano. Personagens influentes do movimento: Frei Beto, diretor da revista America Libre, órgão oficial do Foro de São Paulo (FSP), e Leonardo Boff. Este último empenha-se na implantação de “um cristianismo indo-afro-americano inculturado nos povos, nas peles, nas danças, nos sofrimentos, nas alegrias e nas línguas de nossos povos, como resposta a Deus” (na carta em que renuncia ao sacerdócio, em 29/6/1992). Ou seja, é a pregação do fim da Civilização Ocidental cristã, com a volta do ser humano a seu estado primitivo (canibalismo, magia negra, sacrifício de seres humanos etc.).
      Legenda Negra contra Pio XII
      Periodicamente, a mídia volta a insistir na mentira do milênio passado, de que o Papa Pio XII foi omisso e insensível frente ao massacre nazista promovido contra os judeus. Há vários livros que tentam difundir essa mentira, como O Papa de Hitler, do embusteiro John Cornwell, um best-seller de anos atrás. Livros sérios, que desmentem a calúnia contra Pio XII, como The Myth of the Hitler Pope, do rabino David Dalin, e The Defamation of Pius XII, do filósofo Ralph McInnerny, continuam inacessíveis ao público em geral e nunca foram mencionados pela mídia ideologicamente comprometida com o anticlericalismo. Também nada se diz sobre o livro A Santa Sé e a questão judaica (1933-1945), de Alessandro Duce, professor extraordinário de História das Relações Internacionais nas Faculdades de Ciências Políticas e de Jurisprudência da Universidade de Parma. Atualmente, com o andamento do processo de beatificação de Pio XII, muitas vozes, inclusive judaicas, continuam a propalar a mentira. O Papa Bento XVI, com a força moral e intelectual de que está investido, está reagindo à altura contra as calúnias, refutando didática e enfaticamente as falsas acusações que pesam contra Pio XII. Por isso, para reconduzir a verdade para o lugar que ela merece, leia http://www.conteudo.com.br/lenda-negra-contra-pio-xii-o-papa-de-hitler/?searchterm=veja.

      Nota:
      NARLOCH, Leandro; TEIXEIRA, Duda. Guia politicamente incorreto da América Latina. Leya, São Paulo, 2011.

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